19 Set
2012 1 Comentário
O
nascimento do polo moveleiro de Belo Horizonte;
Uma
história de coragem e prosperidade.
Em meio a trezentos e cinquenta mil
habitantes, no idos de 1950, lá, naquele tempo, quando a jovem Belo
Horizonte ainda prometia ser uma das maiores cidades do Brasil, nascia
o polo moveleiro da Silviano Brandão. Época de oportunidades, época
de esperança, época de dificuldades.
Foi no início da década de 1950 que surgiu a
primeira loja de móveis da Avenida, com o nome de Fabrica de Móveis Ianni,
fundada pelo pioneiro Sr. Walter Ianni, um comerciante, que de engraxate,
passou por luthier e tornou-se um grande empresário.
A família de Walter Ianni chegou da Itália no
início do século e instalou-se onde hoje se encontra a Rua Macedo com Silviano
Brandão, naquela época conhecida como Córrego da Mata. De origem humilde,
Ianni, filho mais velho dos seus sete irmãos, seguiu os passos de seu pai
Humberto Ianni na profissão de marceneiro, tendo crescido dentro da fábrica de
móveis.
Foi nessa época, ainda quando criança, que nos
intervalos do barulho das serras e do ruído das lixadeiras, descobriu o som do
violino. Um vizinho que tocava o instrumento também tocou a sensível alma do
aprendiz de marceneiro. Decidiu investir todos seus esforços de engraxate no
sentido de ajuntar dinheiro suficiente para adquirir o instrumento e tornar-se
um um músico. Como não poderia ser diferente para aquela intrépida alma,
conseguiu todo o dinheiro de que precisava para a grande aquisição de sua vida.
Todavia, interveio seu pai ao saber, impedindo-lhe de realizar seu sonho, sob a
justificativa de que não se tratava de prioridade a aquisição de um violino
para uma família pobre, que passava por dificuldades.
É diante das dificuldades que surge a oportunidade
de se superar. Já que não podia comprar seu instrumento, iria ele mesmo
fabricar o seu! Ajuntou os retalhos de madeira e como quem nasce para enfrentar
barreiras e transformar as coisas do mundo surgiu seu primeiro violino. Mesmo
que não tivesse um som cristalino e afinação precisa, ali estava realizado seu
grande sonho. O primeiro passo de muitos havia sido dado.
Com o passar do tempo, Ianni, a fim de aprimorar
seu estudos da fabricação perfeita do instrumento matriculou-se no SENAI, tendo
ali se formado marceneiro. Nesse momento seu trabalho tomava corpo e seus
instrumentos estavam cada vez mais requintados e com uma sonoridade vibrante e
pura.
Nesse ínterim conheceu sua futura esposa, Giselda.
Ela, proveniente do Rio de Janeiro e encantada com a beleza do seu trabalho,
levou-o à sua cidade natal, onde as oportunidades multiplicavam-se. Nessa
ocasião, o luthier de Minas, teve oportunidade de expor sua obra e receber
elogios de diversos críticos e musicistas. Chegando mesmo a ter seus
instrumentos comparados ao do renomado luthier italiano Antonius Stradivarius
de Cremona.
Uma comissão foi designada para apurar e conferir
seu trabalho. E, após acurada pesquisa, foi-lhe concedido por essa conquista de
tenacidade na busca de um ideal uma medalha de honra ao mérito.
Entretanto, como a vida não é feita de fantasias e
ilusões, e por mais maravilhosa que fosse a atividade de luthier e por mais
requintado que fosse o seu trabalho artístico, não se demostrou suficiente para
dar o conforto que imaginara para sua família que crescia.
Naquela época, Walter resolveu tomar frente na
fábrica em que seu pai trabalhava.
Concentrou todos seus esforços na produção
industrial, e revendia para comerciantes em diversas lojas espalhadas pela
cidade. Mas o tempo foi passando e estava cada vez mais insatisfeito com as
condições impostas pelos revendedores comerciantes com os quais negociava.
Decidiu, novamente, mudar o rumo da história e para tanto, mandou que fizesse
uma faixa, afixou-a na porta de sua fabriqueta, nela continha os seguintes
dizeres: “Quem fabrica, vende mais barato”. Por que não podia ele mesmo vender
o que fabricava?
Surgiu, aí, a primeira loja de móveis da Avenida
Silviano Brandão.
Novamente, como quem não nasceu para ver as coisas
da plateia, Walter, sob admiração de seus empregados e amigos, prosperou com
sua empresa, a Fábrica de Móveis Ianni que se transformou numa das mais
importantes lojas do setor mobiliário nas década de sessenta, setenta e
oitenta, e atraiu diversos outros vendedores de móveis para a Avenida.
Semente do polo moveleiro que hoje se vislumbra e consolida-se.
Assim, mesmo após sua prematura morte aos 51 anos
de idade em 1981, com a semente de ímpeto lançada por Ianni, e por sua corajosa
ousadia naquela jovem Belo Horizonte, surge hoje, de forma definitiva, ao lado
da luta dos idealizadores desse movimento encabeçado pela empresária Eliana
Reis, o mais importante polo moveleiro do Brasil, gerador de
histórias e riquezas, impostos e investimentos, empregos e segurança, mas,
principalmente, gerador de muita prosperidade.
Belo Horizonte, 01 de agosto de 2012
Walter Ianni Netto
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